terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Minhas mãos de escritor.



Arruma suas canetas, apaga os rabiscos,
Esparadrapos nos dedos, cicatrizes na alma,
Você voa ao lado de aviões,
Que puxam você pra baixo.
Eu sei, senhor escritor, sei como você é,
Eu sei no que pensa quando chega em casa.
Você é tão só, você se sente só.
Eu costumava te tratar bem,
Te dei meu tempo,
E sempre que viro de costas,
Você faz o que costuma fazer.
Eu sei, senhor escritor, sei como se sente.
Eu sei o que pensa quando sai de casa.
Você é tão amargo, você se sente amargo.
Sai de casa, sem chaves, tem medo de voltar.
Entra no quarto, com chaves, sempre quer se trancar.
Se destrói no chão.
Eu sei, senhor escritor, quem você é.
Você é tão orgulhoso, você não é orgulhoso.
Quero te enterrar, ver você morrer,
Não quero nunca mais conviver em você.

Ultimo rabisco, ultima palavra.
Coloque esse lápis na mesa,
Tire essa caneta da mão.
Uma folha passada de uma mão a mão.
Sentimento tirado de uma mão por outra mão.
O senhor escritor dormirá sem mim,
Eu dormirei sem o senhor escritor.
Fiz uma parte de mim, escrevendo com dor.
Até mais tarde, pra mim
Até mais tarde, meu bom escritor.

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